Se emprestar ao outro
Por mais que pareça comum, ainda tenho dificuldade com a mão que não afaga. Com a palavra que não diz. Com o peito que não dispara. Com os olhos que não se declaram.
Por mais que pareça pouco usual, permaneço praticando a vontade bendita. O encorajamento sincero.
Ainda me comovem os atos generosos, as mensagens enviadas sem intenção subjetiva, o telefonema dado apenas para saber sobre o bem-estar do outro.
Ainda me sensibilizo com a capacidade não utilitarista daqueles que, sendo próximos, não são perversos. Não se aproveitam da aproximação para ganhar um brinde.
Gostar com gosto. Amar por amor. Doar por convicção.
Se emprestar ao outro ainda é a fortuna mais afortunada, se é que me entende.
|Cláudia Dornelles|
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